Apesar de muitas pessoas não se
lembrarem de seus sonhos todos os dias, sonhamos diariamente lembrando ou não
deles. Já existem estudos que comprovam que todos os mamíferos sonham.
Como o cérebro não diferencia o sonho
da realidade, muitas vezes temos sonhos bastante nítidos, e recordamos de
experiências que parecem reais. Quantas vezes ouvimos alguém dizer: “Nossa, o
sonho foi tão real!”
Isso acontece porque algumas características das ondas cerebrais durante os sonhos, são bem parecidas com as dos momentos de vigília. Mas temos uma espécie de “proteção” no cérebro, que desliga uma parte do tronco cerebral para que não tenhamos estímulos motores, assim evitamos ter reações físicas que possam machucar alguém a nossa volta, ou a nós mesmos. Os sonâmbulos não conseguem desconectar essa parte do tronco cerebral corretamente, por isso as reações motoras são tão fortes colocando a pessoa em perigo. O correto seria durante um sonho, termos atividade cerebral máxima, e atividade motora mínima.
Apesar disso, os olhos quando estamos
sonhando, se movimentam muito. Por isso esse estágio do sono é chamado de REM
(Rapid Eyes Movement). Quando acordamos durante esta fase do sono, normalmente
nos lembramos do sonho com clareza de detalhes.
“As razões para explicar o sono REM
não são muito claras, mas parece que ele facilita fenômenos como armazenagem de
memória, manutenção do equilíbrio cerebral durante o repouso corporal e, entre
as crianças, acredita-se acelerar o desenvolvimento do cérebro e a coordenação
dos olhos. Todos estes objetivos potenciais do período do sono REM indicam que
o cérebro que sonha é um sistema de auto-organização. Funções psicológicas se sobrepõem
às funções neurológicas.” (Krippner, 1998: pg 12.)
Como nossa percepção da realidade
possui aspectos inconscientes, temos nos sonhos experiências que nos parecem
“estranhas”, pois nos chegam com conteúdo simbólico, sendo que muitos
estudiosos chamam essa simbologia de “mitos pessoais” que provém do nosso
inconsciente, assumindo essas formas simbólicas que funcionam como códigos de
aspectos complexos do homem e sua psique.
Por este motivo, os sonhos podem
ajudar o sonhador a encontrar seus mitos pessoais, e assim tornar conscientes
assuntos e problemas pessoais que desta forma, poderão ser trabalhados.
Para isso, devemos adquirir o hábito
de manter um caderno na cabeceira da cama, para tomarmos nota dos sonhos assim
que acordamos, pois depois de um tempo a tendência é esquecermo-nos deles. O
ato de registrar os sonhos, além de fazer com que se consiga trazer conteúdos
importantes e inconscientes para o consciente, também estimula a criatividade durante o
período noturno.
Caso não se tenha essa facilidade
para lembrar dos sonhos, podemos fazer uma auto sugestão antes de dormir
dizendo “Vou me lembrar do sonho quando acordar”, repetindo esta frase várias
vezes antes de dormir. Após algumas noites os resultados começam a aparecer.
Jung considera os sonhos reveladores
de nós mesmos, onde podemos estar ignorando, suprimindo ou deixando de utilizar
aspectos importantes da psique, sendo que esta atividade espontânea do sonhar
pode desvendar esses aspectos, e muitas vezes indo além do inconsciente
pessoal, atingindo o inconsciente coletivo, onde ficam guardadas informações
comuns a toda raça humana.
Para Jung, devemos dar bastante
atenção aos sonhos, pois estes estabelecem pontes entre o consciente, o
inconsciente e a matriz arquetípica da psique, tornando-se uma poderosa
ferramenta clínica na busca do autoconhecimento e da individuação.
“O homem se conhece por seus sonhos.”
Platão
Cláudia Hoffmann - ABPCM 0096 / RTA 9094674
Parapsicóloga, Terapeuta Transpessoal,
Iridologista e Naturopata no SPA do SER
Referências
1. SIMÃO, Manoel José Pereira. Apostila
do Seminário 12, Turma 3: Jung, mitologia, simbolismos e sonhos em uma
perspectiva transpessoal. Joinville, Unipaz, 2014.
2. JUNG, Carl Gustav. O
Homem e seus Símbolos. 2 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.
3. STEIN, Murray. Jung – O Mapa da Alma.
5 ed. São Paulo: Cultrix, 2006.
4. KRIPPNER, Stanley. Sonhos
Exóticos – Como utilizar o significado dos seus sonhos. São Paulo:
Summus, 1998.
5. SOMOS TODOS UM. O Papel dos Sonhos para Jung. Disponível
em: http://somostodosum.ig.com.br/clube/artigos.asp?id=33593. Data acesso:
06/11/2014.
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